Item VI
Conforme notamos acima, os próprios seres que se comunicam se designam
a si
mesmos pelo nome de Espíritos ou Gênios, declarando, alguns, pelo
menos, terem
pertencido a homens que viveram na Terra. Eles compõem o mundo
espiritual, como nós
constituímos o mundo corporal durante a vida terrena.
Vamos resumir, em poucas palavras, os pontos principais da doutrina
que nos
transmitiram, a fim de mais facilmente respondermos a certas objeções.
“Deus é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente
justo e bom.
“Criou o Universo, que abrange todos os seres animados e inanimados,
materiais e
“imateriais.
“Os seres materiais constituem o mundo visível ou corpóreo, e os seres
imateriais, o
“mundo invisível ou espírita, isto é, dos Espíritos.
“O mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e
sobrevivente
a “tudo.
“O mundo corporal é secundário; poderia deixar de existir, ou não ter
jamais
“existido, sem que por isso se alterasse a essência do mundo espírita.
“Os Espíritos revestem temporariamente um invólucro material
perecível, cuja
“destruição pela morte lhes restitui a liberdade.
“Entre as diferentes espécies de seres corpóreo, Deus escolheu a
espécie humana
“para a encarnação dos Espíritos que chegaram a certo grau de
desenvolvimento, dando-lhe
“superioridade moral e intelectual sobre as outras.
“A alma é um Espírito encarnado, sendo o corpo apenas o seu
envoltório.
“Há no homem três coisas: 1°, o corpo ou ser material análogo aos
animais e
“animado pelo mesmo princípio vital; 2°, a alma ou ser imaterial,
Espírito encarnado no
“corpo; 3°, o laço que prende a alma ao corpo, princípio intermediário
entre a matéria e o
“Espírito.
“Tem assim o homem duas naturezas: pelo corpo, participa da natureza
dos animais, cujos
“instintos lhe são comuns; pela alma, participa da natureza dos
Espíritos.
“O laço ou perispírito, que prende ao corpo o Espírito, é uma espécie
de envoltório
“semimaterial. A morte é a destruição do invólucro mais grosseiro. O
Espírito conserva o
“segundo, que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no
estado normal, porém
que “pode tornar-se acidentalmente visível e mesmo tangível, como
sucede no fenômeno
das “aparições.
“O Espírito não é, pois, um ser abstrato, indefinido, só possível de
conceber-se pelo
“pensamento. É um ser real, circunscrito, que, em certos casos, se
torna apreciável pela
“vista, pelo ouvido e pelo tato.
“Os Espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais, nem em
poder, nem
em “inteligência, nem em saber, nem em moralidade. Os da primeira
ordem são os Espíritos
“superiores, que se distinguem dos outros pela sua perfeição, seus
conhecimentos, sua
“proximidade de Deus, pela pureza de seus sentimentos e por seu amor
do bem: são os
anjos “ou puros Espíritos. Os das outras classes se acham cada vez
mais distanciados dessa
“perfeição, mostrando-se os das categorias inferiores, na sua maioria
eivados das nossas
“paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho, etc. Comprazem-se no
mal. Há também,
entre “os inferiores, os que não são nem muito bons nem muito mais,
antes perturbadores e
“enredadores, do que perversos. A malícia e as inconseqüências parecem
ser o que neles
“predomina. São os Espíritos estúrdios ou levianos.
“Os Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma categoria. Todos se
melhoram
“passando pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Esta melhora
se efetua por meio da
“encarnação, que é imposta a uns como expiação, a outros como missão.
A vida material é
“uma prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, até que hajam
atingido a absoluta
“perfeição moral.
“Deixando o corpo, a alma volve ao mundo dos Espíritos, donde saíra,
para passar
“por nova existência material, após um lapso de tempo mais ou menos
longo, durante o
qual “permanece em estado de Espírito errante. (1)
“Tendo o Espírito que passar por muitas encarnações, segue-se que
todos nós temos tido
“muitas existências e que teremos ainda outras, mais ou menos
aperfeiçoadas, quer na
Terra, “quer em outros mundos.
“A encarnação dos Espíritos se dá sempre na espécie humana; seria erro
acreditar-se
“que a alma ou Espírito possa encarnar no corpo de um animal.
“As diferentes existências corpóreas do Espírito são sempre
progressivas e nunca
“regressivas; mas, a rapidez do seu progresso depende dos esforços que
faça para chegar à
“perfeição.
“As qualidades da alma são as do Espírito que está encarnado em nós;
assim, o
“homem de bem é a encarnação de um bom Espírito, o homem perverso a de
um Espírito
“impuro.
“A alma possuía sua individualidade antes de encarnar; conserva-a
depois de se
“haver separado do corpo.
“Na sua volta ao mundo dos Espíritos, encontra ela todos aqueles que
conhecera na
“Terra, e todas as suas existências anteriores se lhe desenham na
memória, com a
lembrança “de todo bem e de todo mal que fez.
“O Espírito encarnado se acha sob a influência da matéria; o homem que
vence esta
“influência, pela elevação e depuração de sua alma, se aproxima dos
bons Espíritos, em
cuja “companhia um dia estará. Aquele que se deixa dominar pelas más
paixões, e põe
todas as “suas alegrias na satisfação dos apetites grosseiros, se
aproxima dos Espíritos
impuros, “dando preponderância à sua natureza animal.
“Os Espíritos encarnados habitam os diferentes globos do Universo.
“Os não encarnados ou errantes não ocupam uma região determinada e
circunscrita;
“estão por toda parte no espaço e ao nosso lado, vendo-nos e
acotovelando-nos de contínuo.
“É toda uma população invisível, a mover-se em torno de nós.
“Os Espíritos exercem incessante ação sobre o mundo moral e mesmo
sobre o
mundo “físico. Atuam sobre a matéria e sobre o pensamento e constituem
uma das
potências da “Natureza, causa eficiente de uma multidão de fenômenos
até então
inexplicados ou mal “explicados e que não encontram explicação
racional senão no
Espiritismo.
“As relações dos Espíritos com os homens são constantes.Os bons
Espíritos nos
“atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a
suportá-las com
“coragem e resignação. Os maus nos impelem para o mal: é-lhes um gozo
ver-nos e
“assemelhar-nos a eles.
“As comunicações dos Espíritos com os homens são ocultas ou
ostensivas. As
“ocultas se verificam pela influência boa ou má que exercem sobre nós,
à nossa revelia.
“Cabe ao nosso juízo discernir as boas das más inspirações. As
comunicações ostensivas se
“dão por meio da escrita, da palavra ou de outras manifestações
materiais, quase sempre
“pelos médiuns que lhes servem de instrumentos.
“Os Espíritos se manifestam espontaneamente ou mediante evocação.
“Podem evocar-se todos os Espíritos: os que animaram homens obscuros,
como os
“das personagens mais ilustres, seja qual for a época em que tenham
vivido; os de nossos
“parentes, amigos, ou inimigos, e obter-se deles, por comunicações
escritas ou verbais,
“conselhos, informações sobre a situação em que se encontram no Além,
sobre o que
“pensam a nosso respeito, assim como as revelações que lhes sejam
permitidas fazer-nos.
“Os Espíritos são atraídos na razão da simpatia que lhes inspire a
natureza moral do
“meio que os evoca. Os Espíritos superiores se comprazem nas reuniões
sérias, onde
“predominam o amor do bem e o desejo sincero, por parte dos que as
compõem, de se
“instruírem e melhorarem. A presença deles afasta os Espíritos
inferiores que,
inversamente, “encontram livre acesso e podem obrar com toda a
liberdade entre pessoas
frívolas ou “impelidas unicamente pela curiosidade e onde quer que
existam maus instintos.
Longe de se “obterem bons conselhos, ou informações úteis, deles só se
devem esperar
futilidades, “mentiras, gracejos de mau gosto, ou mistificações, pois
que muitas vezes
tomam nomes “venerados, a fim de melhor induzirem ao erro.
“Distinguir os bons dos maus Espíritos é extremamente fácil. Os
Espíritos
superiores “usam constantemente de linguagem digna, nobre, repassada
da mais alta
moralidade, “escoimada de qualquer paixão inferior; a mais pura
sabedoria lhes transparece
dos “conselhos, que objetivam sempre o nosso melhoramento e o bem da
Humanidade. A
dos “Espíritos inferiores, ao contrário, é inconseqüente, amiúde
trivial e até grosseira. Se,
por “vezes, dizem alguma coisa boa e verdadeira, muito mais vezes
dizem falsidades e
absurdos, “por malícia ou ignorância. Zombam da credulidade dos homens
e se divertem à
custa dos “que os interrogam, lisonjeando-lhes a vaidade, alimentando-
lhes os desejos com
falazes “esperanças. Em resumo, as comunicações sérias, na
“mais ampla acepção do termo, só são dadas nos centros sérios, onde
intima comunhão de
“pensamentos, tendo em vista o bem.
“A moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta
máxima
“evangélica: Fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos
fizessem, isto é, fazer o
“bem e não o mal. Neste princípio encontra o homem uma regra universal
de proceder,
“mesmo para as suas menores ações.
“Ensinam-nos que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são paixões que
nos
“aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem
que, já neste
mundo, “se desliga da matéria, desprezando as futilidades mundanas e
amando o próximo,
se “avizinha da natureza espiritual; que cada um deve tornar-se útil,
de acordo com as
“faculdades e os meios que Deus lhe pôs nas mãos para experimentá-lo;
que o Forte e o
“Poderoso devem amparo e proteção ao Fraco, porquanto transgride a Lei
de Deus aquele
“que abusa da força e do poder para oprimir o seu semelhante. Ensinam,
finalmente, que, no
“mundo dos Espíritos, nada podendo estar oculto, o hipócrita será
desmascarado e
“patenteadas todas as suas torpezas, que a presença inevitável, e de
todos os instantes,
“daqueles para com quem houvermos procedido mal constitui um dos
castigos que nos
estão “reservados; que ao estado de inferioridade e superioridade dos
Espíritos
correspondem “penas e gozos desconhecidos na Terra.
“Mas, ensinam também não haver faltas irremissíveis, que a expiação
não possa
“apagar. Meio de consegui-lo encontra o homem nas diferentes
existências que lhe
permitem “avançar, conformemente aos seus desejos e esforços, na senda
do progresso,
para a “perfeição, que é o seu destino final.”
Este o resumo da Doutrina Espírita, como resulta dos ensinamentos
dados pelos
Espíritos superiores. Vejamos agora as objeções que se lhe contrapõem.
_________
(1) Há entre esta doutrina da reencarnação e a da metempsicose, como a
admitem certas seitas,
uma diferença característica, que é explicada no curso da presente
obra.
Obs. em caso de duvidas sobre o assunto envie as suas duvidas para o email: geveefec@gmail.com,
que nossa equipe terá o imenso prazer em responder, ou poste a sua
duvida no campo abaixo como comentario deixando tambem o seu endereço
de email e nos o responderemos da mesma forma.
Muita Paz...
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